UMA LENDA PERDIDA

Roteiro

Cena 1 - Exterior - Dia - Escola
(Crianças correndo no pátio da escola primária, animadas para a visita ao lar de idosos)

Professora Célia: (chamando a atenção das crianças) Atenção, meninada! A van acaba de chegar. Vamos nos organizar para a visita ao lar de idosos. Lembrem-se de ser gentis e respeitosos como combinamos. Eles são muito velhinhos, tá bom?

Crianças: (em coro) Sim, professora Célia!

Cena 2 - Exterior - Dia – Lar de Idosos
(O ônibus escolar estaciona em frente ao Lar de Idosos. As crianças descem animadas, guiadas pela professora Célia)

Professora Célia: (para a diretora do abrigo) Bom dia, Sra. Maria! Estamos muito felizes por estar aqui hoje. Vai ser uma ótima experiência para as crianças e espero que também seja para os velhinhos.

Sra. Maria: Bom dia! Os nossos idosos também estão ansiosos para conhecer as crianças da sua escola. Muitos deles não recebem visita de ninguém faz tempo. Vamos entrando.

Cena 3 - Interior - Dia - Salão Principal do Abrigo
(Os idosos estão sentados em cadeiras e poltronas. As crianças entram, sorridentes. A câmera foca em um idoso em particular, um homem negro de olhar distante, coberto por um cobertor velho, com cabelos brancos, sentado numa cadeira de rodas, sozinho em um canto)

Professora Célia: (para as crianças) Podem se espalhar e conversar com os idosos. Lembrem-se do que combinamos, Sejam gentis!

(Uma menina de olhos grandes e cabelos encaracolados, de vestido azul, Mariana, se aproxima do idoso negro)

Mariana: Oi, meu nome é Mariana. Posso sentar aqui com você?

Idoso: (com um sorriso fraco) Claro, menina, pode sim. Senta nesse banquinho aí.

Mariana: Como é o seu nome?

Idoso: (com ar confuso) De verdade eu não lembro não. Mas me chamam de Seu Zé.

Mariana: (com cara risonha) Ah, então vou te chamar de Seu Zé também!

Cena 4 - Interior - Dia - Salão Principal do Abrigo
(Mariana e Seu Zé conversam. Ela pergunta sobre sua vida e ele tenta recordar, mas tem dificuldades)

Mariana: Você sempre viveu aqui?

Seu Zé: (pensativo) Eu acho que não. Mas não sei direito. Eu lembro de muita coisa, mas está tudo meio misturado na minha cabeça. Deve ser por causa da minha idade.

Mariana: Nossa, deve ser muito ruim não lembrar quem a gente é. Mas eu tive uma ideia: a minha mãe me disse que eu sou muito boa de imaginar, então vou imaginar que você nasceu num lugar muito bonito, cheio de árvores, perto de um rio e teve muitos amigos. E vocês brincavam o dia inteiro!

Seu Zé (abrindo um sorriso): Ah, eu gostei da sua imaginação, menina.

(Mariana e Seu Zé continuam conversando e o tempo passa)

Cena 5 - Interior - Noite - Quarto do Seu Zé
(Seu Zé está deitado em sua cama, dormindo. A câmera mostra um sonho se formando, onde ele está em uma floresta mágica)

Cena 6 - Sonho - Floresta Mágica
(Seu Zé rejuvenescido, está andando pela floresta. Ele encontra uma menina, Mariana, que parece diferente, mais mágica)

Seu Zé: Mariana? Mas o que você tá fazendo aqui?

Mariana: (sorrindo misteriosamente) Eu não sou exatamente a Mariana. Eu sou a Comadre Fulozinha, a guardiã da floresta.

Seu Zé: Comadre Fulozinha? Eu... eu lembro desse nome… eu lembro!!

Mariana/Comadre Fulozinha: Sim, você lembra. E também sabe quem você é. Tá tudinho aí dentro da sua cabeça. Eu tô aqui pra te ajudar.

Cena 7 - Sonho - Floresta Mágica
(Mariana/Comadre Fulozinha conduz Seu Zé jovem por um caminho na floresta, mostrando cenas de sua vida. Vemos flashbacks de suas aventuras e… travessuras)

Mariana/Comadre Fulozinha: Lembre-se, seu nome não é Seu Zé e aquele abrigo não é o seu lugar. Eu trouxe comigo alguns objetos que te pertencem. Faz um tempo você me pediu para guardar.

Mariana/Comadre Fulozinha tira de sua sacola de fuxico uma carapuça vermelha e um cachimbo de madeira de lei e entrega nas mãos de Seu Zé jovem).

Seu Zé: (confuso) Mas o que são essas coisas?

Mariana/Comadre Fulozinha: Calma, meu amigo, abaixe um pouco a sua cabeça que você já vai entender (ela veste a carapuça na cabeça de Seu Zé).

Seu Zé: (com os olhos brilhando) Eu... eu lembrei, eu lembrei!!! Eu sou o Saci! Eu sou o Saci Pererê!!! (e solta uma gargalhada)

Cena 8 - Sonho - Floresta Encantada
(Seu Zé jovem começa a pular e girar. Um redemoinho se forma no entorno dele, que, rejuvenescido e cheio de energia, assume de vez a forma de Saci. Mariana/Comadre Fulozinha ri e aplaude)

Mariana/Comadre Fulozinha: Isso mesmo, você é o Saci! O moleque encantado mais brincalhão e arteiro que eu já conheci. Como é bom te ver de novo. Senti muito a sua falta, meu amigo!

Seu Zé/Saci: Agradecido demais, Comadre Fulozinha. Eu até lembrei porque pedi pra você guardar minhas coisas. Foi no dia que fiquei sabendo que a minha festa foi trocada por um tal de Halloween. Fiquei desencantado. Mas pode acreditar, eu nunca mais vou esquecer de quem eu sou.

Cena 9 - Interior - Dia - Quarto de Seu Zé no Lar para Idosos
(Sra. Maria, estupefata olhando para a cama vazia, a cadeira de rodas virada no chão e nenhum sinal do Seu Zé)

Cena 10 - Interior - Dia – Casa de Mariana (na sala)
(Os pais da menina assistem ao jornal enquanto Mariana brinca com bonecas de palha de milho no tapete)

Notícia na TV (repórter noticiando): Um senhor idoso conhecido por Seu Zé desapareceu do Lar para Idosos Municipal. Sua falta foi percebida na manhã de hoje pela diretora Maria responsável pelo lugar. Ela afirma que não entende como ele pode ter sumido, pois além de ter a saúde muito frágil por conta da idade, tem apenas uma perna.

Pais de Mariana: (espantados): Nossa, Mariana, esse não foi o abrigo que você visitou ontem com a turminha da escola? O que será que aconteceu com esse senhor?

Cena 11 - Interior - Dia – Casa de Mariana (na sala)
(Mariana com os olhos brilhando, esboçando um sorriso maroto, como alguém que sabe o que aconteceu mas não vai contar para ninguém): Eu não sei mãe, nem lembro de ter visto dele.

FIM

Sinopse

A professora de uma escola primária decide levar as crianças para uma visita a um abrigo para pessoas idosas. Chegando lá, uma das crianças, a extrovertida Mariana, puxa conversa com um senhor muito velho e recluso, que sofre com a falta de memória sobre a sua própria origem. O encontro entre ambos vai levar a uma descoberta tão surpreendente quanto maravilhosa.